Dezembro de 2025 chegou. E precisamos falar sobre o custo invisível das transições profissionais mal resolvidas no Brasil.
- Juliana Starosky

- há 2 dias
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Por Juliana Starosky
Chegamos ao último mês de 2025 um ano intenso para quem trabalha com gente, carreira e cultura organizacional. E, como psicóloga e mentora de líderes, eu não poderia deixar de trazer uma reflexão importante que acaba de ser reforçada por um estudo global da Pearson:
O Brasil perde mais de R$ 1 trilhão por ano por transições profissionais mal conduzidas.
Sim. R$ 1 trilhão. Sim. Por ano. Sim. Porque gente ainda é tratada como custo, não como investimento.

O dado representa 9% do PIB, o maior índice entre todos os países avaliados. E ele expõe algo que quem trabalha com carreira vê diariamente:
Transições longas.
Profissionais desmotivados.
Gaps de formação.
Pouca preparação para mudanças.
Empresas que substituem em vez de desenvolver.
e uma cultura que não trabalha resiliência, autoconhecimento e comunicação.
Aqui ainda eu colocaria, algo como: lideranças que demitem porque se sentem ameaçadas por gente mais qualificada ou então simplesmente porque não souberam contratar adequadamente. Além, de não encontrarem profissionais no mercado, porque estão pagando muito abaixo do que pedem como pré-requisito de um profissional.
O mercado não vai sustentar esse modelo por muito mais tempo. Estamos entrando em um ponto crítico que é o não haverá gente suficiente nem emocionalmente preparada para atender às demandas crescentes das organizações.
E aqui entra um ponto essencial que poucos líderes conhecem:
Um estudo da Universidade de Cambridge, baseado na análise de quase 4 mil exames de ressonância magnética, mostrou que as transformações cerebrais típicas da adolescência só se completam por volta dos 32 anos.
Sendo assim, as áreas ligadas à tomada de decisão, regulação emocional e planejamento as mesmas que influenciam comportamentos no trabalho ainda estão em pleno desenvolvimento até essa idade.
Agora, coloque isso no contexto do mercado:
Um ambiente mais complexo.
Decisões mais rápidas.
Pressão maior.
Mudanças constantes.
e, ao mesmo tempo, profissionais entrando no mercado com o cérebro ainda em maturação emocional e cognitiva.
E há um agravante adicional que vejo todos os dias nas mentorias com executivos:
Profissionais altamente qualificados recebendo propostas salariais muito abaixo da sua trajetória, da maturidade técnica, maturidade comportamental e do impacto que entregam.
É a tentativa das empresas de “economizar” sacrificando justamente o seu maior ativo: gente preparada, pensante e estratégica.
E o resultado de tudo isso, já sabemos não é mesmo? Negócios caminhando lentamente, quebrando ou então, em conflitos constantes perdendo mercado e gente qualificada porque não aceita ficar com lideranças tóxicas em um ambiente sem segurança psicológica. Afinal, a cultura da empresa é feita por quem faz parte dela.
Temos um mercado que exige mais, oferece menos, amadurece mais tarde e cobra mais rápido. Uma equação que simplesmente não fecha e que continuará custando bilhões ao país se não houver mudança estrutural.
O maior rombo está na transição entre empregos
Foram R$ 701 bilhões vinculados apenas à troca de trabalho e isso apesar das taxas “oficiais” de desemprego mais baixas.
O que isso significa na prática?
O brasileiro leva, em média, mais de dois anos entre um emprego e outro no mercado formal.
Em muitos casos, profissionais que ficam longos períodos em transição acabam desistindo, aceitando vagas muito abaixo do seu nível, perdendo renda, autoconfiança e ritmo de carreira e isso gera um impacto econômico direto. Talvez a queda nas vendas da sua empresa não seja apenas reflexo de um mercado difícil, mas consequência de ter reduzido o poder de compra do próprio time. Quando quem produz não consegue consumir, o ciclo trava: menos renda, menos consumo, menos giro e, inevitavelmente, menos resultado.
E as empresas perdem produtividade, cultura, conhecimento acumulado e competitividade.
Como psicóloga, vejo diariamente o impacto emocional desse ciclo. Não é só sobre recolocação. É sobre identidade, propósito, autoestima e pertencimento. É saúde mental, é economia e é produtividade. Tudo junto.
Muitos C-Levels e Gerentes Sêniores me dizem: "Juliana, essa busca é cansativa no mercado e me sinto como se tivesse perdido a minha própria dignidade como ser humano."
Pois é… isso é algo para refletirmos enquanto ainda estamos empregados. Uma transição ou recolocação profissional podem levar 6 meses, 1 ano, ultrapassar 2 anos e, em alguns casos, simplesmente não acontecerem, dependendo da área, do setor e da senioridade.
Quanto mais alto o topo da pirâmide, mais estreito é o funil: as oportunidades diminuem, a concorrência aumenta e o salário elevado se torna um fator que dificulta ainda mais a recolocação. E quando isso ocorre, é um sinal claro de que chegou a hora de se reinventar pensar em outra ou outras fontes de renda para manter sua estabilidade financeira e seguir pagando seus boletos sem comprometer sua saúde mental e sua trajetória.
Voltando a questão do estudo da Pearson e suas pesquisas sobre a situação atual.
A educação também pesa e muito, quando falamos dos jovens
O estudo mostra que:
24% dos jovens de 18 a 24 anos não estudam nem trabalham;
27% dos brasileiros até 35 anos não concluíram o ensino médio.
Esse descompasso educacional cria um país onde boa parte da população não tem base para competir, inovar ou se adaptar. E quando o mercado exige habilidades cada vez mais complexas, o Brasil ainda está lutando para resolver o básico.
E onde entra a tecnologia nisso? Enquanto economias mais maduras já perdem mais por causa da automação, o Brasil ainda perde menos por tecnologia e mais por problemas essenciais: educação, comunicação, transição e falta de preparação.
Mas atenção: não é a tecnologia que ameaça o Brasil é a incapacidade de usá-la.
E aqui entra um movimento que está acontecendo em silêncio dentro das empresas brasileiras e que poucos querem discutir:
As organizações estão se reestruturando e diminuindo o topo da pirâmide.
O resultado? Menos vagas para alta liderança. Mais pressão. Mais acúmulo. Baixos salários. E um número crescente de executivos altamente qualificados competindo entre si por um espaço que está encolhendo.
Isso significa que liderar em 2026 será menos sobre cargo e mais sobre adaptabilidade, comunicação, capacidade relacional e reinvenção estratégica da própria carreira.
A parceria recente da Pearson com a Microsoft, criando ferramentas como o Communication Coach, confirma algo fundamental:
Comunicação.
Clareza.
Postura.
Tom de voz.
Organização mental.
Essas são hoje habilidades muito mais determinantes que o domínio técnico. E isso vale principalmente para líderes, executivos e tomadores de decisão exatamente aqueles que mais sentirão o impacto do achatamento da pirâmide.
Porque o ponto central é simples e doloroso:
O Brasil está perdendo dinheiro porque está perdendo pessoas no meio do caminho.
E não é porque faltam vagas. É porque falta preparo para transitar, aprender, desaprender e se reposicionar diante de um mercado que está mudando rápido demais.
É por isso que sempre repito aos meus clientes executivos:
“Não deixe para pedir ajuda na carreira quando a urgência já chegou.”
Carreira é construção. Marca pessoal é consistência (nada haver com autopromoção). Transição é estratégia. E autoconhecimento é o que sustenta tudo isso especialmente em um mundo de IA e perda de Saúde Mental no mundo corporativo focado no imediatismo por resultados hoje, tentando encontrar culpados, quando todos estão no mesmo barco.
E aqui fica a pergunta que eu quero deixar para você nesse dezembro:
Será que, mesmo em plena era da Inteligência Artificial, as próprias pessoas que estão à frente dessa transformação ainda são vistas como custo e não como investimento?
Porque se continuarmos tratando o desenvolvimento humano como algo “secundário” longe da área de negócio, o prejuízo não será apenas econômico. Ele será emocional, cultural e estrutural.
O ano de 2026 vai exigir mais preparo, mais consciência e mais protagonismo. Será um ano para olhar com honestidade para a própria trajetória, considerar um Plano B com maturidade, avaliar possibilidades reais de transição e encarar que, em muitos setores, as faixas salariais para cargos qualificados já não são as mesmas de antes.
Do lado das empresas, também será o momento de rever a forma como enxergam pessoas: quando profissionais são tratados apenas como custo e não como investimento isso afeta produtividade, inovação e o próprio fluxo econômico. Afinal, o funcionário é também o consumidor; se ele perde renda, a economia deixa de girar.
Se existe um momento para repensar quem somos na carreira, o valor que entregamos e o caminho que queremos construir daqui em diante e, para as empresas, o impacto direto das suas escolhas no resultado financeiro e no ciclo econômico esse momento é agora.
Até o próximo artigo!
Abraços,
Juliana Starosky
Fundadora, Starosky Consultoria
Ajudo Executivos e Gestores a fortalecerem sua Marca Pessoal | Transição, Consultoria, Mentoria de Carreira | Saúde Mental 🧠| Fundadora da Starosky Consultoria | 🌟Newsletter Headhunter da Carreira®
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Aqui fica a dica de um podcast: Criando uma carreira de sucesso: o peso da marca pessoal | AmplificaCast Ep105 com Juliana Starosky








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