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O Impacto das Lideranças Narcisistas no Negócio.

  • Foto do escritor: Juliana Starosky
    Juliana Starosky
  • 10 de nov.
  • 6 min de leitura

O custo invisível da falta de Segurança Psicológica.


Por Juliana Starosky 


Durante anos, tenho ouvido de muitos profissionais gerentes até C-Level´s com relatos sinceros sobre o peso emocional de trabalhar sob lideranças tóxicas e narcisistas. Pessoas que, mesmo com carreiras sólidas, admitem estarem esgotadas, inseguras e duvidando do próprio valor. 


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“Depois de tanto tempo naquela empresa, eu já não sabia mais se o problema era comigo”, me disse recentemente um executivo de mercado financeiro.

Essas histórias se repetem com uma frequência preocupante. Por trás de números, metas e discursos de alta performance, há ambientes em que o medo substitui o diálogo, e a vaidade pessoal passa a valer mais que o resultado coletivo. O mais grave é que isso não destrói apenas pessoas, corrói negócios inteiros. 


Este artigo reúne evidências científicas e reflexões psicológicas sobre como o narcisismo em posições de liderança silencia vozes, mina a segurança psicológica e gera prejuízos financeiros reais.


Estive pessoalmente no evento do Mind e eles trouxeram que empresas na bolsa de Nasdaq tem queda quando não há segurança psicológica e empresas que promovem isso, tem aumento em seu crescimento financeiro. E é por esse motivo que venho escrever esse artigo, como RH´s e negócios ainda sustentam a não avaliação e exclusão de lideranças tóxicas? Sendo que trazem prejuízo ao invés de crescimento?


Vamos lá:


1. Quando o ego substitui a liderança


Por trás de muitos discursos carismáticos e perfis inspiradores de liderança, há uma armadilha silenciosa: o narcisismo. Na psicologia, o narcisismo envolve um padrão de grandiosidade, busca por admiração e ausência de empatia. Em ambientes corporativos, líderes com esses traços são inicialmente percebidos como visionários e autoconfiantes mas, com o tempo, mostram um padrão destrutivo: centralizam decisões, desvalorizam contribuições alheias e silenciam vozes divergentes.


Uma meta-análise conduzida por Emily Grijalva (University of Illinois, 2015), com mais de 1.000 correlações, mostrou que o narcisismo em níveis altos está associado à queda na eficácia de liderança e ao desempenho inferior de equipes. Ou seja: o que no curto prazo parece força, no longo prazo corrói a cultura e os resultados.


2. Os efeitos psicológicos: o medo de falar e o silêncio organizacional

A psicologia social mostra que o comportamento de líderes narcisistas inibe a troca de informações. Estudos de Barbara Nevicka (Vrije Universiteit Amsterdam, 2011) demonstraram que, sob líderes narcisistas, equipes compartilham menos dados relevantes, cometem mais erros e apresentam pior desempenho coletivo.


Esse fenômeno conecta-se ao conceito de segurança psicológica, formulado por Amy Edmondson (Harvard Business School, 1999):

“É a crença de que o ambiente é seguro para assumir riscos interpessoais: falar, discordar ou admitir erros.”

Quando o medo de retaliação se instala, o cérebro entra em modo de autoproteção e a inovação morre. O córtex pré-frontal (área ligada à tomada de decisão e raciocínio) reduz atividade quando há ameaça social, enquanto a amígdala (centro das reações emocionais) se ativa. Isso explica por que colaboradores sob lideranças tóxicas param de pensar de forma criativa e passam a apenas “executar”.

Mas, eu Juliana ainda não consigo entender a motivação de algumas "chefias" e não "lideranças" promoverem o caos para terem "controle". São tão inseguros e imaturos ao ponto de não acolherem quem sabe mais do que eles para agregar valor para sua área e negócio? 

3. O custo financeiro do narcisismo corporativo


O impacto de uma liderança narcisista não se limita ao emocional: ele se reflete diretamente no P&L.


3.1. Queda de produtividade e aumento da rotatividade


Pesquisas publicadas na Harvard Business Review por Christine Porath e Christine Pearson (2013) mostram que:


  • 48% dos funcionários reduzem esforço após um episódio de incivilidade;

  • 38% reduzem a qualidade do trabalho;

  • 80% perdem tempo se preocupando com o ocorrido;

  • 12% pedem demissão;

  • 25% descontam no cliente.


Ambientes liderados por perfis narcisistas apresentam altas taxas de turnover, burnout e retrabalho, o que pode gerar perdas de até milhões de dólares anuais em empresas de médio e grande porte.


3.2. Risco corporativo e decisões financeiras imprudentes


Pesquisas recentes em finanças corporativas mostram uma relação clara entre narcisismo de CEOs e manipulação de resultados contábeis (earnings management). Um estudo publicado na Revista Contemporânea de Contabilidade (2024) confirmou que executivos com traços narcisistas têm maior propensão a distorcer informações financeiras e a assumir riscos excessivos para preservar sua imagem pública.


Além disso, Malmendier & Tate (2015) demonstraram que CEOs narcisistas tendem a fazer aquisições impulsivas e superavaliadas, comprometendo valor de mercado e retorno a acionistas.


3.3. O custo invisível da saúde mental


Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2022), o presenteísmo (estar presente fisicamente, mas improdutivo mentalmente) gera perdas superiores a 1 trilhão de dólares anuais em produtividade global. Ambientes sem segurança psicológica aumentam estresse crônico, conflitos e adoecimento emocional, custos que não aparecem no balanço, mas afetam diretamente a lucratividade e reputação corporativa.


4. Quando a cultura silencia, a inovação desaparece


Empresas inovadoras, como Google e Microsoft, identificaram a segurança psicológica como principal fator de performance (Project Aristotle, Google, 2016). Ela é o oposto da cultura narcisista: ao invés de humilhar, escuta; ao invés de punir, aprende.

Times com segurança psicológica:


  • Cometem menos erros graves (porque reportam cedo);

  • Aprendem mais rápido (porque compartilham o que não deu certo);

  • Inovam com mais frequência (porque há espaço para ideias divergentes).


Na ausência disso, prevalece o medo e o medo é o maior inimigo da criatividade e da rentabilidade.


5. Da psicologia à estratégia: o que empresas podem fazer


1. Diagnóstico real: Aplicar pesquisas 360° confidenciais, analisando padrões de comunicação, empatia e escuta ativa. Narcisismo se revela não só em discursos, mas em comportamentos repetitivos.


2. Vincular cultura ao bônus: Empresas que conectam métricas de clima, segurança psicológica e turnover de talentos estratégicos à remuneração variável de executivos reduzem riscos de abuso e decisões egóicas.


3. Estabelecer governança emocional: Criar comitês de integridade relacional e programas de desenvolvimento de líderes baseados em neurociência, autoconsciência e empatia.


4. Cuidar da saúde mental: Programas de apoio psicológico corporativo não são custo são investimento em performance sustentável.

Lideranças narcisistas custam caro: silenciam talentos, degradam culturas e aumentam riscos. Por outro lado, líderes conscientes e emocionalmente maduros constroem espaços seguros, onde pessoas pensam melhor, erram menos e inovam mais.

Segurança psicológica não é discurso “soft”: é estratégia de negócios, ciência aplicada à rentabilidade e ao futuro das empresas.


E você, profissional? O que pode fazer quando está em um ambiente que sustenta uma chefia narcisista?


Nem sempre é possível mudar o sistema, mas é possível não se perder dentro dele. Se você trabalha em um ambiente que normaliza comportamentos narcisistas, há basicamente duas opções conscientes: ou você aceita e se protege, criando barreiras emocionais, reduzindo exposição e buscando apoio psicológico para preservar sua saúde mental, ou começa a olhar novos desafios de carreira, planejando sua saída de forma estratégica e segura.


O importante é não confundir resiliência com resignação. Você não precisa permanecer em um espaço que adoece seus valores e sua autoconfiança. Busque aliados, registre fatos e mantenha-se fiel à sua integridade porque a liderança passa, mas sua história profissional e emocional permanece.


Até o próximo artigo!


Abraços,


Juliana Starosky

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Referências Bibliográficas


  • Edmondson, A. C. (1999). Psychological safety and learning behavior in work teamsAdministrative Science Quarterly, 44(2), 350–383.

  • Grijalva, E., et al. (2015). Narcissism and leadership: A meta-analytic review of linear and nonlinear relationshipsPersonnel Psychology, 68(1), 1–47.

  • Nevicka, B., Ten Velden, F. S., De Hoogh, A. H., & Van Vianen, A. E. (2011). Reality at odds with perceptions: Narcissistic leaders and group performancePsychological Science, 22(10), 1259–1264.

  • Porath, C., & Pearson, C. (2013). The price of incivility: Lack of respect hurts morale and the bottom line. Harvard Business Review, 91(1–2), 114–121.

  • Malmendier, U., & Tate, G. (2015). Behavioral CEOs: The role of managerial overconfidenceJournal of Economic Perspectives, 29(4), 37–60.

  • Organização Mundial da Saúde (OMS). (2022). Mental Health at Work: Policy Brief.

  • Revista Contemporânea de Contabilidade (2024). Earnings management e traços de personalidade narcisista em CEOs brasileiros.

  • Google Inc. (2016). Project Aristotle: Understanding team effectiveness.



 
 
 

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